sexta-feira, 11 de março de 2011
Trip Chile 2011 - Parte 03
Depois de uma boa noite de descanso para recuperarmos as energias era hora dar continuidade a nossa jornada. A princípio iríamos viajar durante a madrugada para chegarmos no dia seguinte na região do Atacama. Buscávamos uma onda que fica na parte litorânea do deserto, a aproximadamente 1200 quilômetros ao norte de Santiago.
Ainda na rodoviária, às 10 horas da noite, tentávamos comprar nossas passagens de ônibus em meio à multidão, o que não foi possível, pois todos os ônibus estavam lotados. Passamos a noite em algum hotel perto dali onde calculamos que alugar um carro pra chegar a região do Atacama sairia quase o mesmo preço que ir de ônibus e seria muito mais útil para nós apesar dos dólares a mais. Alugamos um carro minúsculo, o mais barato para dizer a verdade, afinal já iriamos gastar a mais com a gasolina e os pedágios.
Dirigimos com a “barata”, maneira gentil que Rafa chamava o carro, cerca de 12 horas no meio de paisagens desérticas, montanhas de rochas e areia, e um visual que parecia estarmos em outro planeta, muito diferente de nossa famosa BR – 101. Ao longo do caminho muitos pedágios, motivo pelo qual as estradas são tão boas. Cidades pequenas, restaurantes antigos e casas empoeiradas beiravam a estrada ao longo da via que parecia nunca chegar ao nosso destino.
Quase 1200 Km rodados, chegamos no vilarejo onde se encontra a onda, tivemos a sorte de logo encontrar Tico Cris, um amigo que Caetano havia conhecido há alguns anos atrás lá mesmo no meio do Atacama. Tico Cris vivia em uma das poucas cabanas que existem no local. Humilde e sempre feliz, nos ajudou a alugar uma casinha para não ficarmos dormindo em barraca novamente. Nosso lar tinha água quente e luz das 9 ás 11 da noite. Pra quem estava pensando que dormiria em barraca estava mais que bom um colchão, pois depois de um dia todo de surf faz a diferença.
Na primeira queda percebi que a água já não era tão fria como no sul do país. A bancada rasa de pedras redondas e cheia de ouriços formava uma direita que lembra muito Trestles, Califórnia. A direita tem uma sessão rápida que proporciona de 2 a 4 manobras, nada parecido com as ondas do padrão chileno, geralmente longas e pesadas que havíamos surfado até então.
Pegamos ondas de 2 a 4 pés durante 5 dias os quais passávamos a maior parte do nosso tempo em frente ao pico, surfando e filmando em um cenário ideal para quem procura arquivar o surf. Dias sempre ensolarados com uma água limpa e com ondulações que quebram muito próximas da areia.
Surfar uma onda no meio do deserto do Atacama foi uma experiência e tanto, posso dizer que foi de longe o lugar mais louco que já surfei. Ficamos longe do caos e do barulho turbulento da cidade, nossos ouvidos estavam apenas concentrado no barulho do mar. Quando a noite chegava, a lua iluminava o mar fazendo a água brilhar, parecia que podíamos pegar a lua com as mãos de tão perto que ela parecia estar. Nossa hospedagem ficava de frente para a praia e tínhamos tudo o que precisávamos: comida, local para dormir e a onda bem próxima dali.
Dias incríveis se passaram. Conhecemos pessoas de coração puro que temos muito a agradecer por terem nos ajudados a cumprir nossa missão de conhecer esse lugar mágico. Uma magia que está no meio do deserto do Atacama, entre areia, pedras e o mar, esperando que um dia voltemos e façamos tudo novamente pelo simples prazer de surfar e desfrutar desse oceano maravilhoso.
Queria deixar aqui os meus agradecimentos a família de Conejo que nos ajudou muito em Pichilemu, ao Tico Cris, uma grande pessoa que largou tudo para viver seu sonho de surfar e não ter preocupação com nada no meio do deserto, ao Benjamin e família, que surfavam com agente quase todos os dias no Atacama, aos meus patrocinadores Oceano Surfwear e Terral surf shop, aos meus amigos Caetano, Rafa e Renan pela vibe extrema durante a trip, a minha linda namorada e a minha Família, que sem eles nada do que estou vivendo hoje seria possível, Obrigado!
Por: Petterson Thomaz
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